sexta-feira, 29 de abril de 2011

As pétalas de uma dama


(Beto Takai)

Queria ser a gota de orvalho
A descer nas petalas dessa dama
Suas pernas frias do luar
Os olhos negros mirando as estrelas
Que jamais deixaram de lhe admirar
Queriam elas ter o brilho do seu salto
Ou a altura do seu talo
Que entre espinhos e fumaça
Caminha na poeira das cidades
Uma criança com medo
Flor assustada
Mas no coração feroz
O espírito de uma mulher

terça-feira, 26 de abril de 2011

Trilhos(as)


(Beto Takai)

Por entre o dia veloz
Tento encontrar um segundo de lentidão
Para sangrar devagar sobre o papel
Palavras que falem de imensidão
De tudo que é belo
Da poeira deslizando no ar
Do infinito que escurece com a noite
O dia eterno que nao tarda em chegar
E com esse sangue-poesia
Assim como lua mãe das estrelas
Quero cuidar das rodovias do teu coração
Para que jamais nessa estrada
Conheça as trilhas da solidão

quarta-feira, 9 de março de 2011

Não ha definição no amor


(Beto Takai)

Desculpa esse meu jeito
Pós-dramático, meio-moderno, preocupado
É que tua inspiração
Me faz te querer sempre
E sempre me perder
Na confusão dos teus pensamentos
No suor de tua camisa
Teus desejos de vingança
O colo para me deitar
E me faz ver (me prova)
Que do Sul ao Acre
É no Nordeste do teu coração
Que eu quero sempre repousar

As cinzas da quarta


(Beto Takai)

Vamos comemorar o fim do carnaval
E discutir sempre em versos tão modernos
Qualquer coisa intelectual
Nos confetes suados de desamor
Vamos comemorar de uma vez por todas
O fim da fossa colorida, a imensa dor
O meu reinado, e o teu também
Só tem inicio quando acabar o carnaval
Se deu vontade de chorar, vamos meu bem
Tocar no violão essa balada sensual
Ver a luz apagar no fim da noite,
E ouvir o batuque silenciar
No fim do nosso carnaval

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tudo em nós


(Beto Takai)

De todas as palavras
As que tem sentido
Só fazem algum efeito
Quando postas para sangrar
Reunidas uma a uma
Cada significado, consoante, vogal
São insuficientes para indicar
Onde encontrar o amor
Que sinto por você.
Olho para a rua, a moto
E na velocidade, o vento no rosto
Encontro teu cheiro no ar
Subindo a visão
As estrelas que cobrem o céu
Desenham teu olhar
Entre sóis e constelações
Adiante na minha casa
Nosso suor em meus lençóis
E teu gosto na água do chuveiro
Em cada passo, cada reta, poesia
Encontro você
O que não tem modelo nem molde
O que só existe em você
O que só existe em mim
Quando encontro nosso amor

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Para B


(Beto Takai)

Darei a paz se você a desejar
Entregarei ela em uma bandeja
Junto com todas essas coisas
Que compõe a felicidade:
Entre todas elas, nós, o desejo

Darei ao teu coração o que ele desejar
Entregarei teu corpo
Junto com os meu toques
Que também são saliva, boca, nexo
Entre todas elas, nós também, o sexo

Em uma dessas noites
Será feita a tua vontade
Tudo o que pontuei em você
Entregarei sem luta, cansado
Para outro coração

Em uma dessas noites
Será que serei novamente feliz?
Tudo o que já foi força
Entregarei ao meu suspiro
Para deixar em paz teu coração

Obrigado Caetano


(Beto Takai)


Caetano, eu ando tão down
Eu conheci todo esse amor
Não me leve a mal
São poesias, musicas, livros de receita
É toda essa coisa do banho juntos
O que passou, passava, o que aceita
Agradeço ao pouco que pude dar
Não encontro nada mais perfeito
Do que teu simples cheiro no ar
Tô te escutando, baby, caetano
Não paro de te ouvir
Quase-sempre tão vivo e cigano
Decifrando minhas caras
Cobrindo minhas feridas de lágrimas
Minhas marcas as claras

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Para Roma (no meio-fio)


(beto takai)

Saem os acordes do meu coração
Na esperança de te ter em qualquer lugar
Ou ao menos de te ver
No meio fio daquela nuvem lá ao longe
Com forma de sentimento
Que seja eu e você
No eterno vagar do vento
Em qualquer direção

terça-feira, 15 de junho de 2010

Medo dos Olhos


(Beto Takai)

Os olhos puxados de guardar palavras
As palavras cansadas de gerar olhares
E o menino entra
Ele aparece, senta e possui
Consegue enxergar por minha roupa
-Gosto de pessoas simples
-Eu sou simples (ainda mais agora ‘sem roupa’)
Trocamos duas palavras
Poucos olhares
Suficientes para perceber
Que tenho medo.
(Admiração)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Orgânicos


(Beto Takai)

O Teatro é organico
Como o lírio que chora.
Os artistas são loucos
Por que querem encontrar o amor.
O mundo está podre
Feito uma barriga inchada de fome.
As vezes gosto de acreditar
Que vou conseguir despertar
Desse sonho mal
para dançar no meio-fio de uma núvem
Com pessoas suer loucas
E a babaquice do undo
Evaporace com o nosso suor
E caísse feito bosta
Nos caretas que não sabem dançar.

PS: Orgânico é um termo genérico para processos ligados à vida, ou substâncias originadas destes processos.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Itinerário (dos anjos?)



(Beto Takai)

O caminho está coberto de lagrimas.
Eu as deixo caírem
Como gotas de um remédio amargo
De cima eu consigo ver
loucos, putas, belos, velhos
Todos com sua solidão interna e imensa.
E eu não tão distante,
Estou só.
Até meu amigo secreto me abandonou
E as borboletas antes coloridas que saiam de mim
Esconderam-se em algum lugar
Só consigo abrir minhas asas com dificuldade.
Eu sou Ana, Claudio, Nabucodonosor, Isis, Homem, Mulher
Sou aquele que tratou de inventar toda escuridão
E que quando voa, consegue abrir uma luz
A luz que preciso para viver: Liberdade.

Para Dani


(Beto Takai)


Não cabe a nós entender
Os mistérios que nos completam.
Não cabe a ninguém nos entender!
Por que qualquer coisa
Além do que é compreensível
Só é real até o momento
Em que tudo faz sentido

Sente como a arte cobre nossas vidas?
(envolve)
E pisa nas veias
Que ligam os nossos sentimentos
E nos unem as outros incompreensíveis
Que assim como nós
Não conseguem se entender.