sábado, 21 de setembro de 2013

Para Caê

(Beto Takai)

Quando teus acordes
Que vibram em meu violão
Encontram com o rio que transborda dos meus olhos
Minha história
E dessa gente.
"Existirmos, a que será que se destina?"
Não existe prêmio suficientemente grande
Para aquele trovador
Que não deixa secar no tempo
Sangue seu e de sua gente.
Tua voz rasga uma paz perturbadora
Trovão de Santo Amaro
"Vamos comer"!
E que exista sempre corpo
Caetano.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Quando penso que canto

(Beto Takai)

Quero cantar
Juntar mistérios, entre bemóis, lençóis
Fazer chuva
Pra lavar o sal, a lágrima
Quando seu olho transbordar

Quero cantar
E quando o violão gemer, consolar
Fazer amor
Pra alegrar a cidade
Alumiar os becos solidão

sábado, 29 de junho de 2013

Poema Encantado

(Beto Takai)

Devagar a luz entrou pelos panos
O vento sacudia o brilho da lua
Que repousava
(ascendendo, apagando)
Na sua face dourada.

Depressa levantou,
Rasgando as cobertas,
E viu o trem passar:
Casas pobres e brancas
Pássaros roucos
E a vida ali tão pequena,
Tão firme.

Nada foi em vão.
Dançamos imensos, submersos
Naquele imenso salão.
Quando voltou-me a face
Já não era rua, trem, nem eu:
Era fumaça de um cigarro pobre,
Lágrimas presas
Suor.

- Hoje tem gargalhada!
Escultamos lá fora.
O caminho do trem: fogo, malabares, magia
(cores)
Ainda com tecidos rasgados
Acompanhou as tentações da felicidade
E preencheu a gota que faltava,
A travessia do rio
Em meus olhos.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Quarta parede: silêncio

(Beto Takai)

Gosto de sentir teu hálito
Sem toda essa burocracia.
E de ouvir teus pensamentos confusos
Quando eles são tão profundos,

Que a própria existência muda.

De mãos dadas e pelos enlaçados
(profundos)
Quebremos a quarta parede
De nosso palco.
Vivamos o que de verdade existe
O que move o infante soldado
Para o front de batalha.

Guerreemos em um céu-inferno nublado
Espíritos a mostra,
Onde cada segundo é mais valioso
Que os dias,
Que o tempo,
Que a vida.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Quixote, menino

(Beto Takai)

Queria entender o propósito
Desse cavaleiro louco, quixote,
Que em dias frios, barulho de chuva
Foge de mim.
Teu lugar é ao meu lado, cavaleiro.
Nossos planos para derrotar
Os terríveis moinhos de vento,
Agora não estão tão claros,
Mas estão vivos me meu coração.
São tantos os caminhos e as batalhas
Por que se render a essa?
Por que essa ferida ainda dói?
Os caminhos são tão densos e loucos
Nessa vida que vivemos,
Que não temos tempo para feridas
A não ser para lembrar,
Das batalhas que vencemos.
Existe um universo ao nosso redor
Que nos espera com muitos outros moinhos
E tantas outras batalhas,
Não me deixe lutar sozinho
Não consigo sem você,
Meu Quixote menino.